A excitação provocada pela
situação nova, imprevisível e totalmente desconhecida que pode
revelar-se potencialmente perigosa: "o que ele quer de mim?"
"para onde serei levado?" "o que acontecerá comigo?"; o fato de
"entregar-se" a alguém sobre quem nada se sabe; o prazer de ter
o corpo admirado, olhado, fetichizado, (o que pode ser uma
importante fonte de reconhecimento quando, em outros aspectos da
vida, o sujeito sente-se anulado);o
prazer em dar prazer ao outro; a excitação de ser objeto de
alguém pois, afinal, "é você que está pagando"; o jogo erótico
que se expressa na negociação do preço em função de um serviço
mais personalizado, e assim por diante. Igualmente
significativos são os casos onde a prostituição é utilizada como
uma "desculpa", "isso é apenas um trabalho", para viver-se uma
forma de relação - homossexual - que, de outra forma, seria
intolerável. |
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de
um contato humano. Na grande maioria das vezes, entretanto,
passada a ilusão imaginária da relação estabelecida, o sujeito
se vê confrontado com o vazio de uma "máquina de fazer amor"
encarnada em um corpo alugado.
Se
alguma conclusão pode ser tirada desta expressão da sexualidade,
é que ela nos informa que o sexual, enigma por excelência do ser
humano, apresenta-se em diferentes registros, contendo formas de
prazer diversos e múltiplos. A resposta que cada sujeito tentará
dar ao enigma que sua própria sexualidade lhe impõe é única como
é único cada ser humano.
Paulo Roberto Ceccarelli
* Psicólogo; psicanalista; Doutor em Psicopatologia
Fundamental e Psicanálise pela Universidade de Paris VII.
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